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O Casarão da Prefeitura: O Reflexo da Riqueza do Ciclo do Ouro

08/04/25

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A Transição do Ouro para o Gado

O Casarão da Prefeitura, situado no coração de São João del-Rei, é um dos maiores marcos históricos da cidade, servindo como sede da administração municipal, mas também como um símbolo da riqueza que a cidade acumulou durante o ciclo do ouro. Sua arquitetura, que mistura o barroco com elementos coloniais, reflete a pompa e a sofisticação da época, um período de grande prosperidade para a cidade, que era uma das mais ricas de Minas Gerais.

Durante o auge do ciclo do ouro, São João del-Rei era um dos maiores centros de extração e comércio de ouro do Brasil. A cidade foi, na verdade, uma das poucas que chegou a ter a função de capital de Minas Gerais e, em um dado momento, até de parte do Brasil, devido à sua grandeza e importância na época colonial. Com isso, o Casarão da Prefeitura não é apenas um edifício administrativo, mas também um testemunho do poder político e econômico que São João del-Rei ostentava.


A Transição do Ouro para o Gado

Após o declínio do ciclo do ouro no final do século XVIII e início do XIX, a cidade, como muitas outras de Minas Gerais, passou por uma transição econômica. Com o esgotamento das minas de ouro, a cidade teve que se reinventar. A pecuária foi o novo rumo econômico de São João del-Rei, e a região se tornou uma das maiores produtora de gado do Brasil.

Isso trouxe consigo uma nova dinâmica econômica e social para a cidade. A Porteira do Ouro, uma das principais entradas da cidade, era um ponto de embarque para o gado, que abastecia todo o Brasil central. O Mercado Municipal, com sua arquitetura simples e rústica, também era um local de comércio de carne, couro e outros produtos do campo, consolidando a economia de São João del-Rei na nova realidade da pecuária.


A Praia que Foi Refetida para o Que é Hoje

Antigamente, a cidade de São João del-Rei contava com uma verdadeira praia fluvial, onde o Rio das Mortes era navegável e os habitantes da cidade aproveitavam para pescar, nadar e até garimpar ouro nas margens do rio. Nas décadas de 1800, a cidade era banhada por águas mais profundas e a vida ao longo do rio era um centro de atividades cotidianas.

Com o tempo, a cidade foi crescendo e as águas do rio foram represadas para garantir a expansão da cidade e a construção de infraestrutura. Hoje, o que antes era um local de garimpo e atividades recreativas ao longo das margens do Rio das Mortes, transformou-se na moderna área do centro da cidade, mas ainda guarda vestígios de sua antiga identidade como um ponto de interligação com o passado. O rio hoje é um patrimônio histórico e, nas festividades religiosas, ainda é o local que abriga algumas das mais emocionantes procissões.


O Trem da Loucura e a Ferrovia de São João del-Rei

O Trem da Loucura, como ficou conhecido, foi uma linha ferroviária que percorreu São João del-Rei no final do século XIX e início do século XX. Embora sua função fosse a de transportar pessoas e mercadorias para o Rio de Janeiro e outras cidades de Minas Gerais, a linha ficou famosa por ser, literalmente, uma viagem "fora da razão".

A ferrovia atravessava regiões montanhosas, com longos e sinuosos trajetos que provocavam um movimento frenético e aparentemente sem controle. Muitos passageiros, ao fazer essa viagem, diziam sentir-se "fora de si", tamanha a agitação das paradas, das quedas e das subidas íngremes. Por isso, foi chamada de "Trem da Loucura", uma lenda da cidade que até hoje é lembrada pelos mais velhos.

A ferrovia foi também um marco de transição para São João del-Rei, pois possibilitou a chegada de novos imigrantes e produtos para a cidade, além de ter contribuído para a expansão econômica, especialmente com o transporte de gado, pedras e ouro para o mercado.


O Parque do Lenheiro e Suas Montanhas

O Parque do Lenheiro é um dos maiores símbolos naturais da cidade, sendo um grande atrativo turístico e um local de lazer para os moradores. Localizado a poucos minutos do centro da cidade, o parque oferece uma paisagem deslumbrante de montanhas e trilhas, além de ser um excelente ponto de observação da cidade e da região circundante.

O nome "Lenheiro" se deve à história da cidade, pois, no século XIX, o local era utilizado para o corte de madeira que alimentava a construção das muitas igrejas e casarões da cidade. Até hoje, é possível ver na paisagem montanhas rochosas e formações de pedras que lembram o caráter duradouro e robusto da cidade. A região, que também já foi palco de caça ao caititu (porco-do-mato), preserva esse legado histórico e cultural, sendo um ponto de reflexão sobre a vida do campo.


Pedras Para as Igrejas

São João del-Rei, sendo uma cidade de forte tradição religiosa, se caracteriza pela presença de inúmeras igrejas construídas ao longo dos séculos, a maioria delas com materiais que datam do ciclo do ouro. Pedras específicas, extraídas da região, foram utilizadas na construção de algumas dessas igrejas.

As pedras tufas e granito foram amplamente usadas nas igrejas barrocas, como a Igreja de São Francisco de Assis e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, sendo um testemunho da habilidade dos antigos pedreiros e construtores. A pedra era extraída das serras próximas e carregada para a cidade, um trabalho árduo que se refletiu na beleza e durabilidade dos edifícios.


Cristo Redentor de São João del-Rei

Inspirado pela grandiosidade do Cristo Redentor no Rio de Janeiro, São João del-Rei tem seu próprio Cristo Redentor, localizado na Serra de São José, um dos pontos mais altos da cidade. Erguido na década de 1940, essa estátua representa a fé e a proteção divina sobre a cidade, sendo um marco religioso e turístico. O Cristo Redentor de São João del-Rei é visível de vários pontos da cidade e, especialmente durante a Semana Santa, é um símbolo de esperança e devoção para os moradores e turistas.

A Grande Passagem dos Imigrantes

São João del-Rei também foi um ponto de passagem para muitos imigrantes, especialmente durante o ciclo do café e a crescente industrialização. A cidade recebeu italianos, alemães e portugueses, que trouxeram suas tradições, culturas e conhecimentos técnicos. O trem foi a principal via de chegada dos imigrantes, que encontraram em São João del-Rei um lugar promissor para trabalhar nas fazendas de café e nas indústrias de ferro e têxtil.


As Betas de Ouro

Uma das riquezas que ajudaram a estabelecer São João del-Rei como um centro econômico foi o ouro em beta encontrado nas serras da região. As betas de ouro eram grandes veios de minerais preciosos encontrados nas rochas, e, durante o século XIX, contribuíram para que a cidade fosse um dos maiores centros de exploração do metal.

Com o esgotamento das minas de ouro mais próximas, as betas de ouro se tornaram o foco da mineração na região, e muitas das famílias tradicionais de São João del-Rei enriqueceram a partir dessa extração.


A Cidade de Transformações e LegadosSão João del-Rei, ao longo de sua história, se moldou e se transformou, passando de um centro de extração de ouro para um polo de produção de gado e cultura. Sua paisagem, suas igrejas, seu trem histórico, suas montanhas e sua rica tradição fazem dela uma cidade que preserva sua memória e ao mesmo tempo se projeta para o futuro. Com o legado de figuras históricas e imigrantes, São João del-Rei segue viva, com uma história que ressoa através das ruas, igrejas e monumentos que a definem como uma das mais importantes cidades de Minas Gerais.

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