Sujeira nas Betas: Um perigo invisível à saúde em São João Del Rei-MG
- Jornal O Inconfidente
- 27 de abr.
- 3 min de leitura
Imagens recentes feitas nas betas do bairro Altos das Mercês, em São João Del-Rei (MG), revelam um cenário alarmante: o acúmulo crônico de lixo, casas abandonadas, animais mortos e uma infestação preocupante de ratos, insetos e animais peçonhentos.
Mais do que um problema de aparência, a situação representa uma ameaça direta à saúde pública. A região, que deveria ser preservada como um patrimônio natural, tornou-se um foco de risco para doenças graves como a leptospirose e a leishmaniose transmitidas por ratos, cães doentes e insetos como flebótomos (mosquitos-palha).
O perigo escondido entre mato e lixo
Entre os entulhos, é possível identificar focos de proliferação de ratos e baratas, ambientes perfeitos para a disseminação de leptospirose, doença bacteriana que pode levar à morte em poucos dias, caso não seja tratada a tempo.
Outro alerta é para a leishmaniose visceral, uma doença silenciosa e letal, transmitida através da picada de pequenos mosquitos contaminados. Cães abandonados e o lixo a céu aberto formam um ecossistema perfeito para a propagação dessa enfermidade, que também atinge seres humanos.
🐍🕷️ Além dos vetores invisíveis, os moradores relatam a presença constante de cobras, escorpiões e aranhas entre os restos de construção, galhadas e lixo doméstico despejado irregularmente.
A água que brota da terra... e os riscos invisíveis
As betas de Altos das Mercês guardam um tesouro natural: águas que brotam do centro da Terra, puras, cristalinas, e, segundo relatos antigos, com propriedades minerais valiosas, até mesmo ligadas à existência de ouro nas profundezas.
O DAMAE (Departamento Municipal de Água e Esgoto) é responsável pela captação dessa água potável para abastecer parte da cidade. O problema é que algumas dessas fontes estão localizadas a poucos metros dos focos de lixo e abandono.
O risco é claro: a contaminação por resíduos sólidos, matéria orgânica em decomposição e animais mortos pode afetar o solo e, consequentemente, comprometer a qualidade da água captada.
A falta de um cinturão de proteção sanitária aumenta ainda mais o perigo de infiltrações contaminadas.
Sujeira antiga, problema ignorado
Moradores denunciam que o problema não é novo. Há anos as betas vêm sofrendo com o descaso do poder público e a falta de fiscalização rigorosa. Mesmo com campanhas esporádicas de limpeza, a realidade é que, sem um projeto contínuo de preservação ambiental e saneamento, o lixo volta a se acumular.
Além do risco à saúde, a degradação das betas atinge a imagem histórica de São João Del-Rei, cidade tombada e reconhecida por seu patrimônio cultural e natural.
Um caminho possível: Parceria entre Prefeitura e Regimento Tiradentes
Diante da gravidade do cenário, uma solução eficiente seria a formação de uma força-tarefa envolvendo a Prefeitura Municipal de São João Del-Rei e o Regimento Tiradentes, unidade militar que poderia colaborar logisticamente com maquinário, segurança e mão de obra para ações emergenciais de limpeza e revitalização.
Essa parceria poderia ser o início de um programa de recuperação das betas, incluindo:
✅ Retirada de entulhos e lixo;
✅ Desinfecção dos locais contaminados;
✅ Criação de barreiras de proteção para fontes de água;
✅ Plantio de vegetação nativa para recuperar o solo;
✅ Campanhas educativas para conscientizar a população.
De patrimônio natural a ameaça sanitária
Se nada for feito, as betas de Altos das Mercês podem se transformar num grave problema de saúde pública, afetando não apenas o bairro, mas todo o abastecimento de água e a qualidade de vida em São João Del-Rei.
Proteger essas fontes e restaurar o ambiente degradado é uma obrigação coletiva: do poder público, das instituições e de cada cidadão que acredita no futuro da cidade.
Cuidar das betas é cuidar da vida. É preservar nossa história e garantir saúde para as próximas gerações.
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